quinta-feira, 11 de novembro de 2010

“Na Cara”

Por Joel Metzger - tradução para o português, Elias Chamas

Quinta-feira, 04 de novembro de 2010 10:01

Quando era pequeno, costumava jogar meu jogo favorito: “Na Cara”.

Um grupo de amigos se reunia na casa de alguém, escolhiam um objeto pequeno (algo como “a caneca favorita do Bruce”), e todos tinham que sair da sala, exceto um, que escolhia um lugar para esconder o objeto.

Então voltávamos para a sala e tínhamos que encontrar o objeto e, aquele que o encontrava, ganhava. Muito simples.

Mas havia uma regra que tornou "Na Cara" um jogo interessante: o objeto tinha de ficar em algum lugar onde pudesse ser facilmente visto de qualquer lugar da sala.”Na Cara”.

A caneca estava escondida, mas ainda à vista!

Parece fácil? Bem, não é. Nós tínhamos que examinar cuidadosamente cada único objeto, cor, matiz e forma. Sempre me surpreendeu quão difícil é encontrar um objeto que é visível. O esconderijo talvez fosse óbvio e a caneca brilhante, mas ainda assim permanecia sempre muito bem escondida.

Esse jogo transmite uma mensagem importante que preciso lembrar: nós, muitas vezes, ignoramos o óbvio. Era o meu jogo favorito ... e é a minha mensagem favorita.

Me encantam as descobertas que me revelam o que estou ignorando. Os quebra-cabeças me intrigam, quando algo que anteriormente não se podia ver, de repente se revela, como um papagaio pousado num arbusto. Não consigo encontrar o papagaio sem olhar cada sombra, cada linha, sem examinar todos os ramos pequenos.

Oh, lá está! Bem diante dos meus olhos.

Quando se trata de ver algo que está na minha frente, tenho esse mau hábito. Quando há uma grande mudança (eu me mudo, mudo de emprego, afasta-se um amigo), percebo que realmente nunca falei com alguém que costumava fazer parte da minha vida. Então, lamento não ter feito mais amigos, ou não ter aprendido sobre as coisas que lhes interessavam. Ou que passo meus dias preocupado com a minha CPF (coisas para fazer) e os pequenos problemas que surgem. Eles são como o arbusto que esconde o papagaio.

E penso: nunca mais! Eu tenho que prestar atenção na realidade que está aqui, um fato que geralmente ignoro. Eu tenho que manter meu coração aberto para ver o que me rodeia.

Ouvir Maharaji sempre me lembra o seguinte: que a busca pelo valor do presente não é apenas um jogo para passar a tarde, mas uma sede que vai durar toda vida.

O objeto especial não é uma caneca, é o fio condutor presente em cada dia de minha vida.

Quando olho para o que tenho (quero dizer, com cuidado, revendo o que já tenho), uma simples verdade se torna óbvia. Minhas prioridades mudam radicalmente e o que parecia pequeno e insignificante torna-se óbvio e essencial.

A minha atenção vai, de todos os meus quebra-cabeças e jogos, para o presente, único, que é o mais importante: estou vivo.

As palavras de Maharaji me ajudam a perceber o que significa estar vivo, me ajudam a sentir este presente essencial dentro de mim, porque ele ensina uma forma prática e tangível de alcançarmos esse sentimento. A mudança não é só intelectual, ou só um desejo.

Encontro um lugar além de meus pensamentos que está vazio, que é pacífico. Fico aí e observo como um sentimento vai me preenchendo, como a água do mar quando cobre a areia.

Plenitude. A presença da beleza.

Ilustração por Shaffer Sara.

http://www.wopg.org/es/blog/885-plain-sight

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