segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Descobrindo a paz

Na teoria, a paz é algo muito complicado. Descobri isso por pura dedução. Vi que foi preciso muito esforço para levar o homem à lua. Realmente foi. Muita tecnologia foi necessária. E com certeza - em benefício da humanidade - o homem foi levado à lua. Mas a paz continua se esquivando do mundo. Então a paz deve ser muito complicada - mais do que ir à lua. Se é tão complicada assim, penso eu, é como andar de bicicleta - é complicado demais explicar. A única coisa que se pode fazer é inspirar as pessoas a encontrar o caminho para que sintam a paz. E isso começa com a apresentação de uma possibilidade.

Cada pessoa tem uma versão da paz que se aplica a ela. Qual é? Se você mora na cidade, ouve buzinas tocando, sirenes gritando, e isso o dia inteiro e parte da noite. No fim de semana, quando vai àquele lugar tranqüilo e sem sirenes você diz: “Ah, isto aqui é tão calmo!” Isso não é paz. Ausência de sons não é paz. Ausência de táxis buzinando não é paz. Ausência de pneus cantando não é paz. Mas afastar-se dessa situação parece paz. Essas são variações individuais da paz que as pessoas têm.

Se alguém perdeu algo precioso para si, estiver enlouquecendo só pensando nisso, e alguém lhe perguntar: "Qual é a sua versão de paz?", a resposta será: "Se eu encontrar o que estou procurando, ficarei em paz."

A solução do conflito por si só não é paz. Você não ouvirá isso em outro lugar. O que você ouvirá é : "A paz é uma coisa boa. Todos devíamos tê-la e tocar bem a vida." Mas tem que estar muito claro o que é que estamos procurando, porque, se a versão de paz que alguém tiver for o fim das sirenes, será algo totalmente diferente.

Então o que é a verdadeira paz—a paz que há em comum a todo ser humano na face da Terra? A definição genérica de paz é a ausência de guerra, mas há uma paz que não tem nada a ver com argumentos e nada a ver com guerras. Há uma paz que habita o coração de cada ser humano na face da Terra. Há uma paz que não é temporária, não está ligada a política, não se encontra em fórmulas do que o mundo acha que ela deveria ser. Não é a visão de alguém, mas algo que habita a pessoa, rica ou pobre, boa ou má, certa ou errada - até mesmo em seu momento mais sombrio, mesmo quando estiver rodeada por um oceano de confusão e dúvida.

Essa paz não é a ausência de nada. A verdadeira paz é a presença de algo belo. Tanto a paz quanto a sede de paz têm estado no coração de cada ser humano em todos os séculos e em todas as civilizações.

Essa é a boa notícia: a sede está dentro de você, e a água que saciará essa sede está dentro de você. A boa notícia é que aquilo que você está procurando está dentro de você e os meios para entrar em contato com isso também estão dentro de você. Há uma realidade tão doce - não enterrada em conflitos e dores, não enterrada em dúvidas e perguntas, mas na verdade dançando- dançando dentro de cada ser humano, porque você existe, porque você está vivo.

Proponho que você assuma essa sede. Digo que é a sede mais bela e doce que você já teve na vida. Essa é uma das causas mais nobres que um ser humano pode ter. Entre todas as coisas que podemos realizar na vida, há mais uma que é incrivelmente nobre: podemos nos sentir preenchidos.

Muita gente diz: "Isso não é muito egoísta?" Uma lâmpada queimada não pode iluminar mais coisa alguma. Nem o espaço ao redor, nem permitir que outra lâmpada acenda. O pré-requisito para ambas as coisas é que a lâmpada acenda.

Acenda a sua lâmpada. As pessoas dizem: "Mas se eu acender minha lâmpada, ela vai acabar queimando." Isso é uma realidade, Ela vai acabar queimando, mas, enquanto você tiver a oportunidade, acenda-a. Deixe haver satisfação em sua vida. Deixe haver certeza em sua vida. Deixe haver clareza em sua vida.

Você existe e, porque você existe, tem a possibilidade de se sentir preenchido. É incrivelmente simples - simples e profundo. Isso é o que a existência é: a respiração vem e vai, vem de novo e vai de novo. E dou um passo por vez na vida.

Muita gente pede: "Diga algo que nos dê paz. O que podemos fazer para ter paz?" Há um problema aqui. Geralmente quando se ouve falar de algo agradável, a gente quer aquilo para si. Mas aquilo de que estou falando você já tem. A paz já existe dentro de você. Você não precisa ir a algum lugar para encontrá-la. Você já a tem. Descubra-a. Sabe como se faz para descobrir?

Observe a respiração de um modo como você nunca antes a observou. Veja a vida de um modo como você nunca antes a viu. Veja a existência de um modo como você nunca a viu antes. Veja a paz de um modo como nunca a tinha visto. Veja o momento de um modo como nunca antes o viu.

Mesmo no meio do tumulto, a paz existe. Como isso afeta este mundo? Você sabe o que é este mundo? É uma tela. Você é o projetor, e o que você vê como sendo o mundo é apenas uma grande tela. Assim, quando você vê coisas na tela, não considere a tela, considere o projetor. É dali que as coisas vêm. A exibição da luta interna se transforma na luta externa - sempre foi e sempre será assim. Quando há tranqüilidade por dentro, a paz aparece. Paz no meu coração. Essa é a possibilidade.

Como isso é possível? Posso ajudar. Olhe ao redor no mundo. Se tiver interesse, procure a paz. Se a encontrar, ótimo. Se não encontrar, procure-me. Posso ajudar. Isso é o que faço - viajo pelo mundo falando de paz às pessoas. Elas dizem: "Boas palavras." E eu digo: "Você quer? Posso tornar isso possível." Como posso tornar isso possível? Tenho paz na vida. Tenho consciência da paz na minha vida. Isso significa que não tenho problemas? Claro que não. Eu tenho problemas. Isso signfica que não me zango mais? Claro que não. Eu me zango. Sou um legume? Não. Algumas desculpas: "Se você tiver paz, irá mudar completamente", ou "terá que mudar de religião." Claro que não. Sua comunicação com o seu Deus do seu jeito, do seu modo, é algo belo. Por que haveria isso de bloquear a realidade de que a paz se encontra em seu coração? Já está lá.

Prem Rawat




http://www.wopg.org/ http://www.palavrasdepaz.org.br/



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