quinta-feira, 15 de julho de 2010

O espelho

Vou contar uma história que talvez sirva de ilustração.Havia um vilarejo muito isolado, que não costumava receber muita gente. As pessoas ali eram muito simples e viviam para cuidar dos seus afazeres.

Um dia um turista chegou ao vilarejo. De manhã, tirou seu espelho da mala e o pendurou na parede para se barbear. Lavou-se, barbeou-se, mas esqueceu o espelho na parede.

Um ancião do vilarejo, com cabelos muito grisalhos, olhos brilhantes, um rosto bonito e luminoso, deparou-se com o espelho na parede e mirou-se. Ele nunca vira um espelho antes e, ao ver seu reflexo, ficou fascinado. “Hoje vi a face de Deus”, disse – e saiu completamente extasiado, muito feliz. “Eu vi Deus.”

Em seguida, apareceu uma linda garota, que ao se olhar no espelho fi cou tomada de surpresa: “Vi a mulher mais linda da face da Terra. Quando crescer, quero ser como
ela. É a mais bela de todas!”

Então veio um rapaz que perdera o pai havia pouco tempo. Quando se viu no espelho, ele disse: “Oh, meu Deus, vi meu pai de novo.” E pegou o espelho.

Então, essas três pessoas que haviam se observado no espelho começaram a ficar inquietas. O ancião queria o espelho para si, achando que vira nele a face de Deus. A
mocinha também queria o espelho porque este refletia o que ela queria ser. E o rapaz também queria o espelho porque nele vira seu pai. Começaram a discutir, e, logo, discussões e brigas se espalharam por todo o vilarejo, deixando todo mundo infeliz. Pois cada um que se olhava no espelho, gostava do que via, e por isso todos o queriam para si.

Finalmente, um sábio que por ali passava, ao ver que todos estavam brigando, perguntou: “Por que estão brigando?” E cada um explicou por que queria aquele objeto: “É o meu Deus”, “É assim que eu quero ser”, “É o meu pai”, e assim por diante. Então o sábio pediu que lhe trouxessem o tal objeto mágico e, quando o viu, disse: “Sabem o que é isso? É um espelho.” Chamou o ancião e explicou: “Não
foi a face de Deus que você viu. Você viu a si mesmo.”

Chamou a mocinha e disse: “Não foi a mulher mais linda o que você viu. Você viu a si mesma.” Chamou o rapaz e disse: “Não foi o seu pai que você viu. Você viu a si mesmo. Você se parece com seu pai, por isso achou que fosse ele. Mas era você.”

E assim chamou todos, um a um, dizendo: “Olhe, o que você vê nesse espelho, o que gosta nesse espelho, não está no espelho, está em você.”

Agora, o que essa história tem a ver com a paz?

A paz começa dentro de nós. Para falar de paz, precisamos entender de onde veio essa idéia. Será que foi invenção de alguém? Será que alguém inteligente, caminhando um dia
pelas altas montanhas de um lugar qualquer, de repente disse: “Paz – que ótima idéia. Tenhamos paz”? Não.

O anseio de paz é tão antigo quanto o ser humano. A necessidade de paz foi reconhecida há muito tempo. E desde então uma fórmula muito clara foi apresentada ao mundo: “Paz primeiro, prosperidade depois”. Não o contrário – prosperidade primeiro, depois, paz. Nada disso. Paz primeiro, prosperidade depois.

Prem Rawat

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Um arqueiro

Havia um arqueiro que tinha vindo para a cidade e estava exibindo seus talentos. Mostrá-los era maravilhoso. Ele era um atirador incrível, direto… Uma flecha após a outra, certeiras no alvo.

Alguém no fundo da platéia, ao invés de aplaudi-lo, comentou: “Ah, é apenas uma questão de prática, apenas uma questão de prática...”

Como o arqueiro valorizava seu trabalho, não gostou do comentário, pois esperava elogios...

Realmente chateado foi até a pessoa e lhe perguntou: “O que você quer dizer?” “O que significa: ‘É apenas uma questão de prática?’ Você pode fazer o que faço?”

Ele respondeu: “Não, não posso. Mas deixa-me lhe mostrar algo.” Como costumava vender óleo, pegou uma garrafa com uma abertura muito estreita – um tubo longo – colocou-a no centro de uma bacia, que usou como base, e começou a entornar o óleo de um grande galão pelo pequeno gargalo, sem derramar nenhuma gota.

Olhou para o arqueiro e disse: “Você pode fazer isto?”

O arqueiro percebeu que não, ele não tinha nenhuma prática em fazer aquilo.

Então o homem comentou: “Não posso atirar as flechas como você, mas você não pode colocar óleo numa garrafa como eu. É uma questão de prática.”

O que nos conta essa história? O que você pratica? O que você pratica invariavelmente ficará cada vez melhor.

E não é uma questão de bom ou ruim. Se você pratica fraude e trapaça, será bom em fraudes e trapaças. Se você praticar queixas, ficará preparado para se queixar de tudo. Num piscar de olhos terá um segundo pensamento a respeito. Isto será natural. Enquanto todos os seus amigos estiverem admirando, emocionados, uma grande lua cheia, numa linda noite, você será capaz de tirar do chapéu algo para reclamar : “Sim, mas está muito escuro.”

Então, o que você pratica na vida? Se praticar paz , conseguirá o melhor disso. Se praticar felicidade, conseguirá muito, muito dela. Se praticar “conhecer a si mesmo”, conseguirá muito, muito disso. E saberá quem é você. O que é importante fazer para saber quem é você? O que poderia ajudar a saber o que significa conhecer a si mesmo? Quero dizer, deixa-nos encarar isso. Muitas pessoas têm uma ideia de tudo que elas não sabem –são fracas nisto, são ruins naquilo. (...)

Mesmo assim, olhe para este caminho. Quando você começar a se conhecer, a perceber que é um presente para si mesmo, a perceber o valor de cada respiração
que lhe foi dada, então você irá começar a entender que é um palco, um pavimento no qual verdadeiramente a dança da vida acontece.

E é uma dança suave, uma dança que é bela, uma dança que é magnífica. Uma dança sobre você. Além do que já conhecemos, o que falta saber? Falta saber que existe uma dança linda dentro, a despeito de tudo o que aconteça por onde a gente passe nesta
vida. Falta saber que além de toda a dor e o sofrimento que haja fora, existe dentro uma lâmpada reluzindo. Não importa quão escuro esteja fora, há uma lâmpada sempre acessa. Existe algo dentro que deseja estar pleno sempre e que repetidamente nos inspira a nos preencher.

Prem Rawat


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