terça-feira, 29 de março de 2011

Sobre a paz

Quanto mais eu viajo e falo para as pessoas, mais percebo que cada um tem uma definição do que é paz. Para alguns, paz é a ausência de barulho. Para outros, paz é um cenário bonito. Para outros ainda, é a ausência de guerra.

Irei direto ao ponto. Não faltam lugares bonitos neste mundo. Trieste é bonita. Voando por ela, a gente vê como é bonita. E existem lugares que são extremamente tranqüilos. Então, por que não há paz? A paz é manifestação de algo que acontece dentro de cada ser humano ou é algo que só existe do lado de fora?

Você não pode explicar para uma pessoa faminta que está tudo bem ela sentir fome. Você não consegue explicar para uma pessoa cansada que ela está bem, que não precisa dormir.

Não. Quando você tenta falar de algo que é muito básico para o ser humano, não há acordos.

Quem somos nós? O que somos? Somos a soma de toda a tecnologia que existe no mundo? Todos os prédios enormes, todas as estradas, todos os aviões, todas as câmeras, todos os satélites no espaço, é isso que somos? É isso que somos? Construtores de imensos navios? Os navios hoje em dia estão ficando cada vez maiores, e agora planejam um muito maior do que se pode imaginar, com pistas para pouso e decolagem no topo. E não se trata de porta-aviões, mas de pistas quase convencionais no alto de navios!

Quando uma pessoa tem uma unha minúscula encravada no dedo do pé, como dizer a ela: “Por que você está incomodada com essa unha mínima?” Como seres humanos, criamos navios enormes, muito, mas muito maiores do que essa pequena unha. Ou aviões, também enormes. Duas coisas tão diferentes.

Essa unha tão minúscula, como pode incomodar alguém? Afinal de contas, somos nós que criamos tudo isso. As explicações não funcionam. Para essa pessoa que está com uma pequena unha encravada, tudo o que importa é tirá-la dali. Porque é algo que ela está sentindo – dor. Não se trata de explicações, mas de livrar-se da dor.

Dei essa analogia porque com a paz é a mesma coisa. Um ser humano sem paz não está completo. Você nunca foi ensinado a desejar a paz, assim como nunca foi ensinado a chorar. Alguém lhe deu uma aula de como chorar? Você se lembra disso? Já viu alguma mãe dizendo ao seu bebê: “Agora, vai, AAHHHH”. Não. O bebê sabe chorar. O bebê sabe sorrir. O bebê sabe ser. Essas são coisas fundamentais, que ninguém precisa ensinar.

O desejo de paz é fundamental também. É assim que somos. Esse é o nosso alicerce. Uma necessidade que vem do coração e que, a cada dia, nos empurra a buscar o contentamento, a encontrar a peça que falta no quebra-cabeça.

Prem Rawat

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