domingo, 11 de novembro de 2012

História do elefante

Vou lhes contar uma pequena história sobre isso. Certa vez, quatro pessoas cegas caminhavam por uma estrada quando ouviram um elefante se aproximar. Na Índia, um sino é frequentemente amarrado ao elefante para que as pessoas possam saber que ele está passando. Logo escutaram o homem que conduzia o elefante dizer: “Por favor, saiam do caminho! Aí vem o elefante!”


As quatro pessoas pararam e disseram: “Por favor, somos cegos, e nunca vimos um elefante. Se importa de nos deixar tocá-lo?”

E o condutor disse: “Tudo bem. Podem tocar o elefante”. Então ele parou, e um dos cegos tocou a perna do elefante. Outro parou atrás dele e mexeu no rabo. O terceiro tocou a tromba. O quarto agarrou a orelha. É claro que o condutor estava muito curioso para saber quais seriam suas impressões, pois cada um havia tocado partes diferentes, como perna, rabo, tromba ou orelha.

Então o condutor disse a eles: “Por favor, vocês se importariam de me dizer, na opinião de cada um, o que é um elefante?” Aquele que tinha agarrado a orelha disse: “Ah, é muito fácil. É como uma folha de bananeira”. O que tinha tocado a perna respondeu: “Não, não, não. É como um galho de árvore”. O homem que havia tocado a tromba do elefante disse: “Ah, não – é como a grossa raiz de uma figueira”. O último disse: “É só um rabo com um pequeno topete na ponta – como o de uma vaca”.

Isso, claro, é só uma história. No entanto, quando se fala sobre a paz, não é diferente. Cada um enxerga sua própria necessidade e a associa com a paz. Mas essas necessidades mudam. Então o que acontecerá com a paz?

Portanto, gostaria de esclarecer o que quero dizer com paz. Vamos começar com o básico. A coisa fundamental é: você é um ser humano. Quando foi a última vez que você foi apresentado como ser humano?

Acho isso engraçado. Desempenho muitos papéis, e as pessoas me apresentam dizendo: “Esse é o Capitão Rawat”, ou “Esse é Prem Rawat, orador da paz”, e assim vai. Mas quem me apresenta como um ser humano? Existem muitas funções com as quais nos apresentamos uns aos outros: “Esse é o fulano de tal, faz isso e aquilo”. Tudo bem. Sem problema. Mas quem é apresentado como ser humano? Veja, uma vaca talvez não reconheça um jumento, mas definitivamente reconhece outra vaca. Um peixe talvez não reconheça um corvo, mas vai reconhecer outro peixe. Quem reconheceria você ou eu como um ser humano, a não ser outro ser humano?

Para enxergar um ser humano como um ser humano é necessário um olhar muito especial. É necessário os olhos da simplicidade. O olhar que vê você como você é, que reconhece sua dor. Não queremos que saibam da nossa dor. “Sim, sim. Somos todos perfeitos. Não temos problemas. Quer dizer, como poderíamos ter problemas?” Me perdoe, mas temos. Pode ser algo simples como seu gato não escutar você. Ou tão complicado quanto sua esposa te odiar, ou seus negócios estarem à beira da falência. É isso o que acontece neste mundo.

Então, quem precisa de paz? O ser humano precisa de paz. Quando acabam todos os papéis que representa e você depara com quem você é, esse ser humano precisa de paz. Você. Eu. A paz real. Não a paz imaginada.

Quando começa esse reconhecimento, então podemos começar seriamente a entender sobre a paz. É o dia em que você relaciona a paz como algo para você, não para outras pessoas. Quando eu era muito novo, as pessoas costumavam me dizer: “Esse mundo precisa de paz”. Eu falava para elas: “Vocês precisam de paz”. E muitas delas ficavam chocadas. “O quê?! Eu preciso de paz?” Sim.

A necessidade de paz não é somente social. É para encontrar a raiz de quem realmente somos. Se você compreende que a paz e a sede pela paz estão em seu interior, você deu o grande passo para a realização da paz em sua vida.

Não importa o que possa acontecer, o que quer que possa vir, a realidade é que sua necessidade de paz vai estar aí. A razão para a paz estará aí. E a forma para poder realizar essa paz também vai estar aí.


Prem Rawat