Às vezes, em meus sonhos, falo com as pessoas, e ao acordar lembro-me do sonho e o escrevo. Eis uma história que sonhei.
Havia três irmãos—todos muito, muito pobres—que decidiram vender tudo o que tinham e comprar ouro. E os três sabiam que esse ouro poderia lhes proporcionar tudo o que quisessem. Poderia torná-los ricos, permitiria comprar boas roupas, comida, uma casa—tudo.
Então pegaram o ouro e cada um deles fez uma cabana para si num lugar distante. Um deles era muito religioso. Pôs o ouro no altar e todos os dias rezava: “Por favor, ouro, torne-me rico. Dê-me alimento, uma casa e roupas novas.” Ele criava belas preces e cantava belas canções: “O ouro é tudo. O ouro me tornará rico.”
O segundo homem também fez um altar, mas que não era chamado de altar. Sendo cientista, chamava aquilo de "mostrador". Ele exibia o ouro e escrevia ensaios. Não era religioso, mas rezava a seu modo. “Oh, ouro, tens o potencial de acabar com minha fome, dá-me uma casa, roupas novas, comida.”
O terceiro homem vendeu o ouro. Na opinião do primeiro dos irmãos, ele era um sacrílego. Para o segundo, era um homem nada prático, nada científico. Descartar a própria fonte de recursos? Péssimo. Em todo caso, o ouro foi vendido. Com o dinheiro, o campo foi arado, hortaliças e frutas foram cultivadas. Aquilo de que esse terceiro irmão precisasse ele comia, e aquilo de que não precisasse era vendido no mercado. Com o dinheiro obtido, ele construiu uma casa, comprou roupas novas. E a cada estação ele ganhava mais e mais e mais. O que ele quisesse comer, ele comia. O que não quisesse, ele vendia. E simplesmente continuava enriquecendo, enriquecendo.
Passados alguns anos, os três irmãos decidiram se encontrar. O primeiro disse que rezava para o ouro diariamente e que, um dia, o ouro atenderia suas preces. O segundo, que tinha um espírito muito científico, disse “Um dia, aquele ouro me trará tudo o que minha mente pode conceber. Seu potencial estará desenvolvido.”
Esses dois olharam para o terceiro e perguntaram: “O que você faz? Está se dando muito bem. Parece mais rico, tem roupas novas, um belo relógio, bons sapatos. O que você faz?”
Timidamente ele respondeu: “Bem, vendi o ouro. com o dinheiro, comprei uma fazenda. Venham me visitar! Tenho uma casa, um belo pomar. Cultivo hortaliças. Cozinharei para vocês e lhes darei roupas novas.” E os outros disseram: “Você vendeu o ouro?”
Sempre que penso nessa história, acho-a mais profunda do que da primeira vez que percebi que era. Dois dos irmãos não conseguiam enxergar o óbvio—que aquilo pelo qual rezavam tinha de fato acontecido com o terceiro irmão. A única coisa que viam era: “Você vendeu o ouro?!! Agora está perdido.” Não. Não estava. Ele libertara o potencial do ouro e tinha tudo aquilo de que precisava.
Você, também, tem tudo aquilo de que precisa. Está dentro de você. Todos os dias—mesmo na tristeza, na dor—há uma alegria incomparável dentro de você à espera de ser descoberta. As pessoas pensam: “Quer dizer que você não se aborrece?” Claro que me aborreço. Mas mesmo quando me aborreço sei que dentro de mim há uma alegria incomparável. A mim acontecem coisas ruins? Acontecem. Coisas boas me acontecem? Acontecem. Sou diferente de vocês? Não. Se eu for é em um só aspecto: Em tudo o que faço sei que dentro de mim habita Aquilo que sempre procurei; que quando me sinto só, sei que não estou só; que quando há escuridão lá fora, sei que há uma luz. Eu sei. Não se trata de “eu acho” ou “eu gostaria. . .” ou “Não seria bom?. . .” Não. “Eu sei.”
A jornada da plenitude é muito simples. Você. Você a tem, quer decida senti-la, quer não. Mesmo que decida que não quer senti-la, continuará a tê-la. Você tem a possibilidade de estar pleno. A jornada tem a ver com isso. Como sei? Eu a senti.
Prem Rawat
www.wopg.org www.palavrasdepaz.org.br
Aquarela de Sonia Madruga
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